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MANAUS – A Cidade Nova, maior bairro da capital amazonense, conta também com um dos maiores tesouros naturais. O bairro, onde vivem mais de 300 mil pessoas, guarda o Parque Sumaúma, fragmento de área verde que mobilizou a união da comunidade para evitar a degradação ambiental e preservar a fauna e a flora amazônica existentes no local. O telejornal Amazônia TV, da TV Amazonas, conta essa história na primeira reportagem da série ‘Fala Comunidade’.
Com 51 hectares de área, o nome do parque veio da árvore Sumaúma, considerada a “mãe da floresta”. A espécie pode chegar à altura de um prédio de 16 andares e suas sementes servem de alimento para os peixes dos rios amazônicos. Dentro da área do Parque, há pelo menos seis unidades da Sumaúma.
Além da árvore homenageada, o local guarda também outras importantes espécies da flora e da fauna amazônica. É o que explica a presidente do Conselho Consultivo do Parque Estadual, Vera Falcão: “é possível encontrar sauins-de-coleira, bichos preguiças, tamanduás, além de mais de 80 aves já detectadas”.
Toda essa riqueza estava ameaçada com a expansão da Cidade Nova. Por temerem o desaparecimento da área por mais uma invasão habitacional, os moradores do bairro se uniram para pedir a criação da Unidade de Conservação. Em abril de 2000 ocorreu a primeira reunião para compor a proposta de criação da área. Estudantes, religiosos e moradores do bairro reuniram mais de 3 mil assinaturas, em abaixo-assinado, para a medida.
Um dos principais nomes na defesa do Parque é o professor de filosofia Augusto Leite. Morador do bairro há 28 anos, ele contou que os moradores enfrentaram diversas dificuldades para conseguir a implantação da Unidade. “Passamos pela Prefeitura, Governo do Estado e pela Comissão do Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, até que conseguimos o Projeto de Lei que confirmou a área de preservação”, disse.
Após anos de luta junto ao Poder Público, o Parque Estadual Sumaúma foi instituído por meio do Decreto n. 23.721, no dia 05 de setembro de 2003. Assim, surgiu a primeira Unidade de Conservação Estadual localizada em Manaus. A data marcou também o início das articulações do Instituto Ecológico Comunitário da Amazônia (Iecam) – outro resultado da união da comunidade.
Atualmente, cinco hectares do Parque ainda carregam as marcas da degradação causadas pelo uso irregular dos recursos da área para a construção do bairro. O Comitê Gestor do Sumaúma, no entanto, garante que o espaço está em fase de recuperação.
Quase oito anos após a criação do Parque Estadual, os desafios permanecem. De acordo com o professor Leite, que preside o Iecam, a Unidade de Conservação ainda carece de maior cuidado. “O decreto, somente, não basta. A luta da comunidade continua. Dessa vez, pedimos infraestrutura, como uma biblioteca e um anfiteatro na área do Parque”, diz o morador, que lembra ainda a necessidade de investir na construção de uma cerca para proteger os animais que vivem no Sumaúma.
Quem visita o Parque Estadual pode caminhar trilhas por entre as árvores, encontrar um refúgio para espécies ameaçadas de extinção e conhece nascentes de igarapés. Apenas no ano passado, mais de 3 mil pessoas passaram pela área e conferiram as belezas naturais preservadas no bairro. O parque fica aberto de segunda à sexta-feira, de 8h às 17h, na Rua Bacuri, s/n, bairro Cidade Nova I, zona Norte de Manaus.
FONTE: http://www.portalamazonia.com.br/secao/noticias/no-cidade-nova-uniao-de-moradores-cria-parque-estadual-samauma
